Três caminhos a procura do primeiro
A capela na Lagoa de São Pedro era metade de um céu pra mim,
a outra metade, eu esqueci, pois, lembro-me de pouca coisa daquele tempo... Há
uma vaga lembrança de muitas flores, cores, coros entoados com harmonia, e
roupas brancas... Se não me falha a memória, a Igrejinha era azul, de Padre não
lembro... Em outro tempo frequentei um local onde havia algumas salas, lá era
silencioso, tranquilo, mas eles faziam coisas estranhas... Lembro que eu
entrava em um quarto com pouca iluminação, pediam que ficássemos com os olhos
fechados até que eles terminassem de fazer um som com as mãos, mas criança não
fica com olhos fechados, a menos que estejam dormindo, e então abri os olhos de
maneira oculta... Gostei daquilo; faziam
um som com os dedos e liberavam alguma energia em volta do nosso corpo, depois
bebíamos uma água... Lá, ouvi uma
palestra em que uma mulher instruía as mães a queimarem a mão do filho se este
estivesse curioso de tocar no ferro de passar roupa... Até hoje não entendi o
que ela quis dizer, mas acho que entendi a mensagem, pois nunca tive
curiosidade de tocar num ferro quente enquanto minha mãe passava a roupa... Pois
bem, também fiz parte de um grupo de pessoas que viam a Deus... Eu nunca quis
vê-lo... Fico sempre muito ocupada com o espaço incompreendido de mim mesma...