sábado, 17 de dezembro de 2011

Morreu, foram 12 facadas.  Há uns dois meses pude vê-lo de perto. Um menino de semblante maltratado,  tinha o cabelo crespo e uma franja, (sempre alisada) o traje era desconexo, algum acessório de muito dele sempre existia no corpo... Uma fita desajustada presa ao braço magro... Penso que era muito dele porque não fazia parte da roupa habitual...  Tinha um vestuário próprio, alguma coisa nisso complementava o que ele não era...  Ele realmente parecia não estar ali subindo a rua... Ele não existia e não convivia bem com a ausência de vida. Pude ouvir a voz quando alguém ao lado chamou-o para dar notícias da mãe, a boca dele era levemente deformada, a voz nervosa... O que o cercava era inerte, mas, a vida existia para ele.  Quero ser o assassino no momento em que antecedeu o crime, sentir ódio, o medo, a esquiva... Talvez assim eu compreendesse.  Os doze golpes não quero saber, não quero entender.